2015 nos reservou um último café especial…
Optamos por descer a estrada real até Paraty, sintomas nosso de tentar achar poesia onde tem história…
Após nossos olhos embriagados com tanta beleza natural da estrada, já havíamos desligado o gps da curiosidade, estávamos perto da entrada da cidade e agora nossa razão ligava a atenção para não errarmos o caminho da Ecovila.
Após uma curva, demos de topo com algumas carrancas que ao fundo trazia uma cena lindíssima: o mar sendo abraçado pela mata atlântica no pé do morro.
Nos entreolhamos e sem dizer nada, paramos no estacionamento convidativo à nossa frente.
Pés descalços, coração coberto de receptividade e uma plaquinha dizendo: chame Jorge.
Um ser iluminado puxa a cadeira, com os pés deliciosamente no chão, me serve um café e começa a contar sua história como se fossemos velhos amigos…
Estórias e histórias desabrocharam com uma autenticidade e graça do artista do Café & Arte, Jorge Luís!
O afeto envolvido nesse momento, a xícara de café passada no coador, a gata tranquilamente deitada em nossa mesa, enquanto meus olhos eram envolvidos por cada obra de arte e os meus ouvidos captando cada apresentação afetuosa feita pelo artista.
Jorge contava sobre sua história, seus desejos, sua visita a mãe que mora em nossa região, os conselhos que recebia dela e que os sentia guardados em setes chaves, afinal, mãe é mãe e ela sabe das coisas, mesmo que você tenha mais de 50 anos, disse ele.
Arriscou até nos falar sobre a dificuldade de sobreviver como artista num mundo onde raras pessoas compreendem que o valor não está na peça, mas na poesia, arte e sentimentos detalhados em cada obra de arte.
Ali no ateliê de Jorge o universo nos parou, pela beleza do mar que avistávamos da sua janela, na simplicidade e acolhimento do sabor do café, pelo encontro raro de almas que desejam ser aconchegadas pela sensibilidade do outro, pelo brilho do olhar de quem ama o que faz.
E apesar do desejo de perpetuar aquele momento que nos aqueceu o corpo a alma e o coração, precisávamos continuar a viagem, nos despedimos e por um momento pensei que passaria ali no retorno para casa.
Mas então percebi que quando o Universo nos traz momentos mágicos e conexões únicas, não há repetições. É preciso estar atento e abrir o peito para mergulhar no instante que os momentos nos apresentam.
Despidos de qualquer julgamento ou interpretações, de corpo, alma e pés no chão.
Afinal, mergulhar na estrada é um dos caminhos que nos levam ao encontro com o Outro!
7 comentários em “Salve Jorge!”
Gratidão amiga linda!
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Aeee!!! Linda escrita!!!
Maravilhoso…. seu texto me fez lembrar de outros cafés que tomei.
Tenho comigo lembrança de cafés inesquecíveis, que marcaram minha vida, mas o Café no Ateliê de Jorge não foi apenas inesquecível…., foi mais uma rajada de vento para a mudança em minha vida.
Obrigado pelo texto.
Gratidão!
Tão lindo <3
Gratidão pela presença!Se achegue em nossa casa… 😉