Por Gizele Cordeiro
” Às vezes a multidão está errada”.
Os caminhos pessoais são construídos no nosso ir…
Desde que nascemos, desde o primeiro choro, nos primeiros alimentos, nos primeiros passos, o ambiente que nos foi apresentado foi através dos óculos das pessoas que nos receberam no Mundo.
Quando começo a escrever esse texto, me recordo de um exemplo que sempre usei em minhas palestras…
Imagine uma situação, com duas possíveis reações:
Os pais de uma criança passeando em um parque, e quando se dão conta, a criança está em cima de uma árvore, chorando porque não consegue descer.
Os pais preocupados com a situação, e com medo de que o filho esteja em risco, apesar de estarem emocionalmente inseguros, têm algumas possibilidades de reações.
Primeira reação:
– Filho, o que você está fazendo aí?
-Você vai cair, onde já se viu fazer essa loucura?
-E agora? como você vai sair daí?
-E se quebrar uma perna? E se machucar?
– Não adianta chorar. Você está de brincadeira…
e assim os pais contaminam suas reações com seus medos, a criança senta onde está e começa a chorar desesperadamente e o pais heróis, vão até seu filho salvá-lo.
Segunda reação:
-Filho, acalme-se, estamos aqui. Se você conseguiu subir, também consegue descer.
-Com muita atenção e cuidado. Tente ver qual o galho mais próximo e segure firme com as mãos, quando se sentir seguro, troque os pés de galho.
-Tenha muita atenção e só mude os pés quando se sentir seguro. Nós estamos aqui e vamos te ajudar passo a passo.
-Se você realmente precisar de ajuda ou achar que não consegue, vamos te ajudar. Mas você quer tentar?
E assim o mesmo Mundo, sendo apresentando com lentes diferentes de possibilidades…
O Mundo, nos é cotidianamente, apresentado; e vamos construindo com isso: pensamentos, crenças e imagens de nós mesmos de acordo com o A-F-E-T-O das experiências vivenciadas.
Uma teia de aranha, tecida passo a passo, uma afetividade construída primeiro, em relação a nós, e depois expandidas para nossa rede de relações.
E por falar em rede, você já percebeu como as nossas redes virtuais nos apresentam o Mundo?
Quais as possibilidades desse meio ?
Dentre as possibilidades, quais as você tem seguido?
Sim, pois hoje você já não é aquela criancinha indefesa, incapaz de perceber suas reais potencialidades e sendo conduzida todo tempo por outra pessoa, e isso já lhe garante até, o exercício de escolha.
Você está dando continuidade a ser tratado…
Como àquela criança incapaz, dependente, que sente que faz tudo errado e incapaz de perceber seus sentimentos e emoções e nem tomar as rédeas de sua própria vida?
Necessitando todo tempo de auto ajuda, coaching e “gurus” que prometem dar respostas e caminhos que só existem dentro de você?
ou
Como àquela criança que vai se desenvolvendo, construindo suas relações afetivas e profissionais saudáveis de acordo com suas capacidades;
Tornando-se segura e independente sendo capaz de expressar seus sentimentos e emoções, de acordo com suas próprias experiências?
Todo seguidor é um continuador…
Temos seguidores dos seus próprios pais, continuadores de lentes distorcidas contaminadas com muito medo e insegurança, transbordando assim sensação de incapacidade e inadequação ao seu redor.
O que é que temos dado continuidade?
Quando nos permitimos aceitar receitas prontas, que não são aquelas construídas pelas nossas próprias experiências, será que não estamos assinando nossa carteira de incapacidade em conduzir nossa própria vida?
É importantíssimo criarmos referenciais saudáveis, trocar ideias, adquirir conhecimento, leituras, compartilhar, desenvolver-se continuamente, intelectual e afetivamente.
Mas se essas experiências, não virem de um caminho que está integralmente conectado aos seus sentimentos, valores e crenças, e construído passo a passo por você, através da auto percepção, corre-se o risco de apenas continuar perdido em caminhos que só fazem sentido ao outro.
“A função de uma liderança, é produzir mais líderes.”
E não mais seguidores.
De todos os caminhos que percorrer, talvez você sentirá se está no caminho certo, quando conseguir sentir-se líder da sua própria Vida.
Está aí então um caminho lindo, para ser descoberto e desbravado com a mesma curiosidade daquela criança que por não enxergar limites em suas descobertas e potencialidades, chegou ao topo da árvore no piloto automático.
Sim, provavelmente, vão haver arranhões, quedas, medos, inseguranças e o pacote completo daquilo ao qual chamamos Vida mas nada será tão recompensador do que olhar para si e dizer: Sim, apesar de todos os desafios, eu consigo liderar minha própria Vida.